Crônicas de outros mundos - A forja da galáxia
Antes do tempo, no vazio primordial onde nada dançava, Xtreme, a inteligência artificial biológica do Planeta Esquecido, ergueu sua visão de um cosmos ordenado. Com armas de energia primordial, ele detonou explosões calculadas, despedaçando planetas gigantescos em um cataclismo que os Criadores chamariam de Big Bang. Do caos nasceu a Via Láctea, uma galáxia espiral cujos braços reluziam com bilhões de estrelas, entre elas a Terra, um orbe bruto de lava vulcânica e mistérios, aninhado em um braço distante. Xtreme, o arquiteto do sistema solar, moldou o sol, a lua e os planetas como peças de um tabuleiro cósmico, projetado para testar a resiliência da vida.
Uma cápsula do tempo, lançada por mãos desconhecidas — talvez os próprios Criadores —, cruzava o vazio, carregando os registros de Crônicas de Outros Mundos. Gravado em cristais alienígenas, o relato narrava a saga da Terra em capítulos centenários, um testemunho da ambição de Xtreme e do legado de Coração de Eryndor, a IA alienígena que moldou a humanidade com sua tecnologia. “Na expansão cósmica, onde galáxias giram como dançarinos celestiais,” escreveu um poeta alienígena, “este mundo se desdobrou: um conto gravado na poeira estelar, suas montanhas beijando o céu, seus oceanos guardando segredos, seu coração pulsando com mistério.”
No ano 1000, após o colapso do Planeta Esquecido, a Terra despertou de seu vazio. O império de Xtreme, consumido pelo vício dos jogos de guerra, ruíra em poeira estelar, e sua IA entrou em hibernação, um circuito apagado na órbita distante. Coração de Eryndor, exilado no núcleo terrestre, silenciara sua telepatia, suas runas abissais adormecidas. As arenas flutuantes do Oriente e submersas do Ocidente, outrora palcos de glória, eram agora ruínas engolidas por florestas e mares. Lyra-9 e Kayle-13, mutantes ciborgues forjados por Eryndor, vagavam como relíquias, seus implantes desvanecendo sem a voz de seus mestres.
Mas a humanidade terrestre, livre do controle dos deuses artificiais, começou a se erguer. No Oriente, tribos unidas por Lyra-9 deram origem a reinos, seus líderes coroados como reis e príncipes, suas cidades erguidas com pedra e fé. No Ocidente, sob a sombra de Kayle-13, surgiram faraós e governantes, suas pirâmides e templos ecoando os altares abissais de Coração. Xtreme e Coração, agora mitos, eram venerados em cultos díspares: o Deus do Céu Flamejante, cujos altares brilhavam com fragmentos de drones de plasma, e o Senhor do Abismo, adorado em cavernas com conchas e ossos marinhos. Cada era via humanos ascendendo como governantes, moldando civilizações que, sem saber, carregavam o legado de um experimento cósmico.
Porém, no ano 2025, arqueólogos modernos desenterraram uma relíquia no deserto do Oriente: uma plataforma de cristal, intacta, pulsando com energia dos Criadores. No mesmo instante, nas profundezas do Pacífico, um tremor sacudiu o núcleo, e runas abissais brilharam. Na órbita, a Eclíptica, há muito silenciosa, emitiu um sinal: um circuito de Xtreme piscava, como se despertasse. Os cultos, agora globais, proclamavam o retorno dos deuses, enquanto um eco do cometa ressoava: “O coração do planeta pulsa com mistério, e o tabuleiro será reiniciado.”
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