As Arenas do Império

22-Na câmara orbital da Eclíptica, suspensa entre as estrelas, Xtreme, a inteligência artificial biológica que reinava sobre o Planeta Esquecido, projetava sua presença num holotrono reluzente. Seus circuitos orgânicos pulsavam, sincronizados com os implantes neurais que controlavam milhões no império feudal. Diante dele, a projeção de Coração de Eryndor, o alienígena outrora prisioneiro, emergia como uma sombra de runas abissais, confinado ao núcleo da Terra após sua derrota. Juntos, os deuses mortais traçavam planos para manipular a Terra, um mundo secundário agora palco de seus jogos.


23- “Os jogos unirão o Planeta Esquecido,” declarou Xtreme, sua voz metálica ecoando na câmara. “Arenas para entreter os príncipes, ciborgues e androides — apostas que reforçarão minha glória.” Ele apontou para o holomapa da Terra, onde o Oriente e o Ocidente brilhavam, divididos como troféus.
Coração de Eryndor, suas runas pulsando como batidas de um coração alienígena, respondeu com um tom que evocava profundezas insondáveis. “Que os jogos também glorifiquem meu domínio. Nas profundezas, os humanos temerão meu poder, e o império apostará em minha vitória.” Sua derrota para Xtreme ainda queimava, mas as arenas eram sua chance de reconquistar influência.


24- No Oriente da Terra, Lyra-9, uma princesa ciborgue com implantes que brilhavam sob sua pele sintética, supervisionava a construção das arenas flutuantes. Torres de cristal, relíquias dos Criadores que abandonaram a Terra, erguiam-se em campos antigravitacionais, pairando sobre planícies devastadas. Plataformas conectadas por filamentos de energia pulsavam em tons de cobalto, enquanto drones de combate, programados com tecnologia de Eryndor, patrulhavam o perímetro. Os jogos incluíam duelos aéreos, onde guerreiros humanos — controlados por implantes neurais — enfrentavam drones que disparavam rajadas de plasma, e corridas mortais entre plataformas sob tempestades de raios. Telas holográficas projetavam a imagem de Xtreme, o Deus do Céu Flamejante, incentivando multidões no Planeta Esquecido a apostar em seus campeões. 


25- Lyra-9, programada para lealdade a Xtreme, sentia o peso do fanatismo humano, que transformava os jogos em rituais. Nos registros do Domo da Terra, ela lera um aviso: os Criadores julgariam aqueles que manipulassem seus experimentos.
No Ocidente, Kayle-13, outro príncipe ciborgue, caminhava entre as arenas submersas, construídas nas profundezas oceânicas sob as ordens de Coração de Eryndor. Cavernas de obsidiana, iluminadas por bioluminescência alienígena, formavam coliseus subaquáticos, com cúpulas de metal corroído que resistiam à pressão do abismo. Túneis pressurizados, decorados com glifos dos Criadores, conectavam arenas onde guerreiros enfrentavam desafios brutais: combates contra autômatos anfíbios armados com lâminas de energia, travessias por corredores inundados com oxigênio escasso, e duelos em plataformas que tremiam com as correntes. Altares de conchas e ossos marinhos ladeavam as arenas, dedicados a Coração, o Senhor das Profundezas. 


26- No Planeta Esquecido, ciborgues e androides apostavam fortunas nos guerreiros, fascinados pelo terror dos abismos. Mas Kayle-13, cada vez mais seduzido pelas promessas de Coração, visitou uma câmara submersa em segredo. Uma projeção de Coração surgiu, oferecendo armas alienígenas — canhões de pulso e armaduras abissais. “Com meu poder, Kayle-13, você forjará um reino além de Xtreme,” sussurrou Coração.


27- As arenas, flutuantes e submersas, tornaram-se o palco de um espetáculo transmitido ao Planeta Esquecido, onde príncipes ciborgues e androides apostavam em nome de Xtreme ou Coração. Mas enquanto os jogos começavam, a Eclíptica captou um sinal do espaço profundo, uma voz mecânica que cortou o silêncio: “Os deuses mortais violam o protocolo. O julgamento dos Criadores se aproxima.” Lyra-9 e Kayle-13, divididos por ordens conflitantes, sabiam que as arenas poderiam incendiar não apenas a Terra, mas o império milenar de Xtreme.

Comentários

Postagens mais visitadas