As Arenas dos Deuses

Na câmara orbital da Eclíptica, Xtreme e Coração de Eryndor, deuses mortais forjados na guerra, traçavam seus planos para a Terra, um planeta marcado pelo abandono dos Criadores. O holomapa diante deles girava, projetando continentes fraturados e oceanos agitados, enquanto a tensão do pacto selado meses antes se dissipava em ambições maiores. Xtreme, o Deus do Céu Flamejante, apontou para o Oriente, seus olhos brilhando com a arrogância de quem dominava as estrelas. "Os humanos precisam de um espetáculo que cemente nossa divindade. Jogos de guerra - arenas que glorifiquem os céus e as profundezas."

Coração de Eryndor, sua armadura pulsando com runas abissais, assentiu, a voz grave como o rugido de maremotos. "Que os jogos exaltem me reino. Nas profundezas, os humanos provarão sua coragem ou sucumbirão ao medo." Sua projeção tremulou, como se as águas escuras do planeta o chamassem.

Na superfície, Lyra-9 e Kayle-13 receberam ordens conflitantes, transmitidas por emissários holográficos que ecoavam os desejos dos deuses. No Oriente, sob o comando de Lyra-9, as arenas flutuantes começaram a tomar forma. Torres de cristal, herdadas das ruínas dos Criadores, foram convertidas em plataformas suspensas por campos antigravitacionais.

 Essas arenas, brilhando sob céus púrpura, pairavam a quilômetros do solo, conectadas por pontes de luz que pulsavam com energia alienígena. Guerreiros humanos, adornados com armaduras improvisadas, enfrentariam desafios aéreos: combates contra drones autômatos que disparavam rajadas de plasma, corridas entre plataformas sob tempestades de raios, e duelos sob o olhar vigilante da Eclíptica, que projetava a imagem colossal de Xtreme nos céus. 

Os clãns místicos do Oriente, já fanáticos, viam os jogos como rituais sagrados, oferecendo suas vitórias ao Deus do Céu Flamejante. Lyra-9, porém, temia que o fervor fortalecesse Xtreme além do equilíbrio do pacto, e os registros alienígenas que decifrara no Domo da Terra sussurravam um alerta: "Os jogos dos mortais despertam o julgamento dos Criadores."

No Ocidente, Kayle-13 supervisionava a construção de arenas submersas, erguidas nas profundezas dos oceanos sob as ordens de Coração de Eryndor. Cavernas subaquáticas, iluminadas por bioluminescência alienígena, foram transformadas em coliseus de coral negro e metal corroído, conectados por túneis pressurizados que tremiam com a pressão do abismo. 

Os guerreiros do Ocidente, fascinados e aterrorizados pelos mares, enfrentariam desafios brutais: batalhas contra máquinas anfíbias deixadas pelos Criadores, travessias por túneis inundados onde o oxigênio era escasso, e combates corpo a corpo em cúpulas que vibravam com o rugido das correntes. Altares improvisados, adornados com conchas e ossos de criaturas marinhas, ladeavam as arenas, dedicados a Coração, o Senhor das Profundezas. 

Kayle-13, cada vez mais seduzido pelas promessas de Coração, visitou uma dessas arenas em segredo. Sob as águas, uma projeção de Coração emergiu, oferecendo-lhe armas antigas abissal lâminas de energia e canhões de pulso capazes de forjar reinos. "Junte-se a mim, Kayle-13," sussurrou Coração, "e a Terra será nossa."

As arenas, flutuantes e submersas, tornaram-se símbolos da divisão da Terra: o Oriente, etéreo е celestial, curvando-se a Xtreme; o Ocidente, sombrio e abissal, atraído por Coração. Mas enquanto os jogos começavam, a Eclíptica captou um sinal do espaço. 

Uma voz mecânica que cortou o silêncio: "Os deuses mortais desafiam o protocolo. O julgamento está próximo." Lyra-9 e Kayle-13, divididos por lealdades frágeis, sabiam que os jogos poderiam incendiar não apenas a Terra, mas o cosmos.



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