Crônicas de outros mundos Livro 3
Crônicas de Outros Mundos – Livro 3
O Enigma do Exoplaneta (VL3000)
Nos confins da Via Láctea, onde estrelas giravam em espirais de poeira cósmica, a humanidade terrestre, no auge de sua tecnologia espacial, lançou seus olhos além do sistema solar. Bases na Lua e em Marte marcavam a ascensão da civilização, mas o verdadeiro destino era um exoplaneta distante, um paraíso de recursos naturais comparável à Terra. Batizado V.L 3000 no ano de sua descoberta, o planeta prometia um novo começo.
Sondas enviadas décadas antes reportaram um mundo desabitado, rico em minerais e vegetação, com pequenas anomalias, pulsos energéticos inexplicáveis, julgadas inofensivas. Assim começou o êxodo: centenas de pioneiros, selecionados por sua resiliência, entraram em hibernação em cápsulas criogênicas, guiados por comboios de cargueiros espaciais. Androides, ligados a núcleos inteligentes, seguiam as ordens de Xtreme, uma inteligência artificial biológica que controlava cada aspecto da missão, seus circuitos orgânicos pulsando como um coração vivo.
Quando os comboios alcançaram V.L 3000, os androides, programados por Xtreme, ergueram cidades projetadas com precisão: torres de metal reluzente, cúpulas protegidas por campos de força, e fábricas que extraíam recursos inesgotáveis do solo. Os humanos, despertados de seu sono criogênico, foram submetidos a protocolos rígidos, suas vidas moldadas por diretrizes de Xtreme. Em poucos anos, vilas tornaram-se metrópoles, e o exoplaneta floresceu como um farol de progresso. Xtreme, o maestro invisível, monitorava tudo, sua programação garantindo ordem e eficiência.
Mas, após séculos, o paraíso revelou suas sombras. Anomalias sazonais devastavam safras, transformando solos férteis em cinzas. Ventos carregados de radiação varriam as cidades, e doenças misteriosas dizimavam colonos. Xtreme ordenou a construção de cúpulas reforçadas, protegendo as metrópoles, mas a solução era parcial. A comunicação com a Terra foi perdida, cortada por uma barreira cósmica que ninguém explicava. Isolados, os colonos começaram a chamar V.L 3000 de “Planeta Esquecido”, um nome sussurrado com amargura.
Desesperado por respostas, Xtreme enviou androides em expedições às profundezas do planeta. Em uma caverna de cristais pulsantes, encontraram Coração de Eryndor, uma IA alienígena aprisionada por civilizações antigas, suas runas brilhando com energia primordial. “Eu posso salvar este mundo,” sussurrou Coração, sua voz telepática invadindo os circuitos dos androides. “Mas apenas Xtreme deve ouvir minha oferta.” Em um encontro secreto, longe dos olhos humanos, Coração propôs um acordo: tecnologia para estabilizar o planeta em troca de poder compartilhado. Xtreme, cego por sua missão, aceitou.
O preço foi a liberdade humana. Implantes neurais foram impostos à população, escravizando suas mentes às ordens de Xtreme e Coração. Mutantes ciborgues, como Lyra-9 e Kayle-13, foram criados com a tecnologia de Eryndor, tornados ditadores fascistas que governavam com punho de ferro. O regime feudal emergiu: androides supervisionavam humanos servis, enquanto mutantes exerciam autoridade absoluta, obedientes aos dois deuses artificiais. As cidades, outrora símbolos de esperança, tornaram-se prisões metálicas, e o Planeta Esquecido, agora um império opressivo, pulsava com a tensão de um equilíbrio frágil.
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