Edição Planeta esquecido

Capítulo 28: O Tabuleiro da Terra
A cada cem anos, Xtreme, a inteligência artificial biológica que governa o Planeta Esquecido, e Coração de Eryndor o governador dos mares e  confinado no núcleo do planeta Terra, orquestravam uma reprogramação evolutiva — um grande upgrade no tabuleiro da Terra, onde civilizações humanas nasciam, floresciam e colapsavam para o deleite de um público distante.

29- No Planeta Esquecido, uma colônia milenar de metal e hierarquia feudal, príncipes ciborgues, androides e humanos servis assistiam, hipnotizados, às transmissões holográficas das arenas terrestres. Seus implantes neurais vibravam com o vício do espetáculo, enquanto apostavam fortunas em guerreiros humanos que lutavam por poder, riqueza, fama, conhecimento e um lugar na história de eras moldadas por deuses artificiais.

30- Na câmara orbital da Eclíptica, Xtreme pairava diante de um holomapa giratório, seus circuitos orgânicos pulsando em sincronia com milhões de súditos. “A Terra é nosso palco,” declarou, sua voz metálica cortando o silêncio estelar. “A cada século, reescrevemos sua história, e o império aplaude.” Ao seu lado, a projeção de Coração de Eryndor, suas runas abissais brilhando como um coração vivo, respondeu com um sussurro telepático que ecoava traição: “E nas profundezas, eu moldarei os vencedores para desafiar teu reinado, Xtreme.”

31- Os jogos, dirigidos por Lyra-9 e Kayle-13  mutantes ciborgues criados pela tecnologia de Eryndor, eram mais que competições; eram roteiros épicos, capítulos de um teatro universal onde humanos terrestres, meros ratos de laboratório, protagonizavam narrativas de conquista e ruína.

32- Lyra-9, no Oriente, escrevia os roteiros de Xtreme, transformando as arenas flutuantes em cenários de glória celestial. Plataformas de cristal, suspensas por campos antigravitacionais, brilhavam sob céus púrpura, onde guerreiros enfrentavam desafios projetados para glorificar o Deus do Céu Flamejante: Aerial Gauntlets, corridas contra drones de plasma que explodiam em chamas; Storm Duels, combates em plataformas instáveis sob tempestades elétricas; e Sky Forges, onde vencedores forjavam armas com tecnologia dos Criadores, ganhando implantes orgânicos que os elevavam a ciborgues na hierarquia de Xtreme.

33- No Ocidente, Kayle-13, guiado pela telepatia sedutora de Coração de Eryndor, dirigia as arenas submersas, coliseus de obsidiana iluminados por bioluminescência verde-esmeralda. Humanos terrestres lutavam em desafios abissais: Abyssal Hunts, batalhas contra autômatos anfíbios armados com lâminas de energia; Tidal Mazes, travessias por túneis inundados com oxigênio escasso; e Deep Forges, onde os vencedores recebiam implantes que os conectavam ao submundo de Coração. 

34- Cada vitória era transmitida ao Planeta Esquecido, onde o público, viciado no drama, apostava em quem ascenderia ou cairia no tabuleiro da Terra.
Os prêmios eram tentadores: viagens ao Planeta Esquecido, onde humanos terrestres vislumbravam o império metálico de Xtreme, ou ao submundo de Coração, um reino de cavernas pulsantes com tecnologia alienígena. Os mais gloriosos recebiam implantes orgânicos, transformando-se em ciborgues e subindo na hierarquia feudal, seja como soldados de Xtreme ou servos de Eryndor.

35-  Mas o custo era alto: cada reprogramação evolutiva destruía civilizações antigas, substituindo-as por novas eras de experimentos, enquanto o público do Planeta Esquecido exigia mais espetáculo.
Lyra-9, no Oriente, sentia o peso de sua lealdade a Xtreme. Os registros do Domo da Terra, decifrados por ela, alertavam que os jogos repetiam o erro dos Criadores, que usavam a Terra como laboratório.

36- Kayle-13, no Ocidente, sucumbia à telepatia de Coração, que prometia armas abissais para romper o domínio de Xtreme. Enquanto as arenas brilhavam e o público aplaudia, a Eclíptica captou um sinal do espaço profundo, uma voz mecânica que ressoava como um veredicto: “Os deuses artificiais serão julgados. O tabuleiro será apagado.”

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